segunda-feira, 17 de junho de 2013

diário de um pedaço de carnes e genes

uma eterna seis e meia. As luzes não eram discretas como as lamparinas do século XIX. A eletricidade veio com o pai dos meus pais  e estes últimos se acostumaram até ser algo absurdamente comum.
Não sei bem quando, talvez ninguém o saiba, mas os dias duravam mais, as nossas atividades cresciam... a nossa fadiga se estendia. Mas ainda havia uma ou outra esperança  para os meus avós ( ou quem sabe para os bisavós deles, não importa) : as luzes se apagavam, deitava-se sobre a umidade de um solo que igualmente carregava o pai daqueles pais brutos e trogloditas e via o mesmo que via o primeiro homem: negrume incomum, lua e estrelas. Sempre haveria, sempre lá estariam: um patrimônio comum símbolo de contemplação ou sinal de boemia. Mas as luzes : ah, as luzes! tudo claro de acordo com o nosso esclarecimento e progresso : os postes., os outdoors, o neon, a retirada do terror infantil do breu da meia-noite.
Agora eu olhava placidamente e concentrado:era meia noite e um minuto .O céu ainda parecia ser seis e meia. As estrelas  quase apareciam, podia pressenti-las... mas quê ! já passava as horas, já irrompia o dia.

a noite todos os gatos eram pardos. ao céu de hoje todas  as noites : dias pardos;
Mas é hora de ir trabalhar .
que horas são? não importa . é sempre dia, é sempre labuta.


Assinado:
filho do filho do filho de... um homem?

07.04.2012

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