segunda-feira, 17 de junho de 2013

dragões

 Um dragão de escamas brancas era a estrada pedro II na visão de um menino. um sobre o outro os carros, todos diferentes, mas sempre o mesmo farol amarelo esbranquiçado, a imagem embaçada de não sei quem sobre os vidros esfumaçados.
Não eram pessoas que passavam por aquela avenida , eram já somente parte de uma coisa só , algo maior que a si mesmos ou da direção que supostamente deliberavam . Quem sabe, especulava o pirralho, sendo dragão, não vinha da Ásia ,percorrendo subterrâneos  e viajando sabe-se lá a que velocidade.
 A hora dessa serpente branca aparecer era às 12 horas e às  18 horas . nunca vira sua cabeça nem sua cauda , o que era testemunho de sua enormidade. O réptil gigante talvez estivesse a passear, atrasado para um encontro ou ainda fugitivo do seu próprio rabo que de tão enorme sempre mordia a si mesmo.
Sendo criança, tendo pai, e sendo o último motorizado por consórcio ,também por vezes virava escama do grande dragão. Olhava então as escamas do lado , e todas  estavam concentradas para frente, que, por sua vez dava visão tão somente a outra escama e assim por diante.
O fluxo reluzente, que espairecia a  mente sobre o vagar das horas ociosas de uma criança agora  parecia exaustivo. O brilhante dragão não aparecia quando dentro de sua faicante pele: era o guri engolido por ele  e pelo seu digestivo: o tédio e a apatia. e tal nesta situação de mal-estar sem quê, mas com um porquê, nunca aprendeu a dirigir e se tornou peregrino. dizem que foi iluminado no tibet por um dragão místico em uma de suas andanças.mas é só boato.

2012

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