segunda-feira, 17 de junho de 2013

O belo

Immanuel era um monge de uma abadia  abandonada No Meio do Nada. sim, os demais monges se foram e cá o velho Immanuel ficou para guardar o tesouro da abadia. O tesouro era já renomado: se na Espanha fazem peregrinações  à Compostela, na Alemanha faziam para ver a escultura que Immanuel guardava. Lá iam os pintores , músicos e artistas em geral para ver o objeto que encarnava O belo: o que comunicava universalmente um sentimento tal de prazer que deixava todos num estado de contemplação que pouco se pode explicar.
  Walter ,o nosso protagonista ou antagonista, a depender da escolha do leitor, foi em busca de tal artefato. Crítico literário e jornalista renomado , Walter, após encontrar no mapa a localidade " No Meio do Nada" da abadia, encontra o já bem idoso Immanuel a dar sua caminhada diária e pontual no jardim. Uma visita para Immanuel nunca era uma visita de fato para ele  e sim para o que protegia( e ele o sabia).
Com muito bom gosto, Immanuel atendeu o pedido de Walter de ver o tal artefato; apenas havia a condição de que não  poderia retirar fotos ou esboçar rascunhos em presença da obra. Walter assentiu, embora como bom cético duvidasse que algo fosse tão lindo assim: era crítico literário e a exigência de gosto o tornou incrédulo quanto a ideia de beleza. E eis que que Immanuel abre uma portinha de uma antiga cela da abadia onde está o famoso objeto: parecia pequeno, mas quê! Era acoisa mais bonita que walter já vira , um apaziguamento de espírito , uma conformidade aos fins do universo lá estavam naquele quase bibelô de aura única.  Sim, era um objeto humano, via-se a ranhuras talvez de um cinzel, mas parecia quase obra da natureza. Immanuel explicara que lá estava há muito tempo e que dizem que foi feito pelo que os homens do século XIX costumavam chamar de gênio ou benção da natureza.
Walter como jornalista, se recompõs do breve deslumbramento e furtivamente tirou algumas fotos em um dessas pequenas câmeras que em outros tempos só havia em filmes de James Bond. Precisava mostrar isso ao mundo.  Dito e feito.
Enviou as fotos para os jornais, internet ,etc. tormou-se um sucesso.Fizeram até sandália havaiana estampada com a escultura de Immanuel . Entretanto a beleza única que walter achava na obra parecia dissipada ao vê-la em todos os outdoors,banalizada, sem aura...Mas era o custo de um boa matéria para um tablóide.
Com um pouco de maledicência , Walter mandou as fotos, os folhetos e até a sandália estampada com a escultura para Immanuel, por meio um mensageiro. O mensageiro lhe relatou que o velhinho ficou fulo da vida, e nada fez mais que ir para Berlim com uma mala nas mãos. Bem soube Walter, tempos depois, que a  escultura foi vendida no mercado negro de arte para colecionadores, enquanto o velho monge se instalou num apartamento caro com muito uísque e frequente visitas de prostitutas.
Walter foi visitá-lo . Quem atendeu foi uma loira decadente, mas ainda bonita . Perguntou-lhe: "Immanuel está ?"
"Quem deseja?" . disse a loira
" Walter B"
"Um minuto"
demorou um tempo e logo veio a loira  dizendo que Immanuel não ia recebê-lo, mas que havia lhe deixado um recado nesse envelope. Bem, Walter, já esperava de certa forma essa recusa. Descendo as escadarias do apartamento foi olhar o envelope. Só havia um foto em que se via uma Immanuel se atracando com duas mulheres lindas e em uma de suas mãos uma garrafa de uísque sendo sustentada com muito dificuldade. do outro lado apenas um breve nota: " o máximo do belo universal: peito e bunda. Publique se quiser também".
1.02.2012

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